Rótulo do vinho: a sua história

Por delvinoclub em 22 de abr de 2020

O rótulo do vinho pode ser considerado a cédula de identidade: é de fato a ferramenta oficial para informar aos consumidores "quem é" o vinho contido na garrafa.

Portanto, ele precisa conter algumas informações obrigatórias, tais como:  denominação, safra, teor alcoólico, origem, engarrafador e quantidade.  Outras informações são opcionais, como: variedade da uva, características, melhores harmonizações, temperatura de serviço, etc.

O rótulo do vinho tem uma história muito mais longa e interessante do que geralmente se imagina. O primeiro rótulo remonta aos antigos egípcios, que no local de fechamento das ânforas gravavam dados relativos ao conteúdo, como ano de produção, procedência e nome do produtor do vinho. As numerosas ânforas encontradas no túmulo de Tutancâmon, que morreu em 1323 aC, testemunham esse tipo de rotulagem.

Na Roma antiga, as ânforas, depois de seladas, eram gravadas com o nome do vinho, e com o número de ânforas produzidas com esse tipo específico de uva. Este método de gravação foi usado até por volta de 1600. 

Nesse período, na Inglaterra, começaram a ser utilizadas garrafas de vidro que eram hermeticamente fechadas com rolhas de cortiça. O advento das garrafas de vidro criou a necessidade de uma identificação mais precisa dos vinhos: foi assim que nasceu o que comumente chamamos de “rótulo".

O mais antigo rótulo que se tem notícia foi escrito pelo monge beneditino Dom Pierre Pérignon, que introduziu o método de vinificação conhecido como Champenoise. Para não confundir as safras e os vinhedos de origem, o monge rotulou as garrafas com um pergaminho amarrado ao gargalo da garrafa com um barbante.

Posteriormente, em meados do século XVII, os nobres ingleses começaram a   servir o vinho em garrafas decoradas com um pequeno prato de estanho ou prata, no qual estava gravado o nome do conteúdo. Por serem muito caros, esses métodos de etiquetagem foram posteriormente substituídos por etiquetas de papel impressas com tinta preta: uma das mais famosas é a de Claud Moët, agora conhecido como Moët & Chandon. 

O verdadeiro ponto de virada ocorreu em 1796, com a invenção da litografia. Esse sistema tornou possível imprimir várias cópias da mesma etiqueta, desenhando um esboço a ser reproduzido na pedra e passando um rolo de tinta sobre ela.

No entanto, o inventor da etiqueta como conhecemos hoje parece ter sido o suíço Henri-Marc, proprietário da Maison De Venoge, que em 1840 ofereceu suas próprias garrafas de champanhe com rótulos ilustrados semelhantes aos de hoje.

Com o desenvolvimento da indústria do vidro e o aumento do transporte, a demanda por garrafas de vinho, por sua vez, aumentou. A utilização do rótulo tornou-se indispensável: os primeiros eram genéricos, impressos em retângulos de papel que informavam apenas o tipo de vinho. Mas com o aprimoramento das novas técnicas de impressão, os rótulos assumiram uma verdadeira aparência artística graças a artesãos e pintores. Na Itália, os rótulos mais antigos eram de produtores piemonteses (fornecedores da casa Savoy) e produtores sicilianos. Os rótulos italianos do século XIX não destacavam a qualidade do vinho, mas davam amplo espaço à imaginação com imagens inspiradas pela vida camponesa ou heráldica e reproduzindo brasões ou medalhas pertencentes às famílias produtoras.

No início do século XX, os rótulos eram decorados com paisagens ou personagens pitorescos, típicos da riqueza ornamental da Belle Époque. Isso pelo menos até 1950, ano em que as primeiras legislações na Europa impuseram um rótulo mais didático e descritivo. 

Com o surgimento do processo de quadricromia, uma impressão a 4 cores, foram obtidas misturas que deram ao rótulo uma aparência deslumbrante. 

Posteriormente, com o advento do offset, as cores assumiram uma aparência mais opaca. O rótulo tornou-se comercial, mas, do ponto de vista estético, menos valiosa. 

Ainda hoje alguns fabricantes de vinhos preferem reproduzir as imagens originais. A impressão precisa, geralmente enriquecida com relevos dourados, confere prestígio e significado histórico a seus produtos.

Atualmente, existe uma grande variedade de sistemas de produção que utilizam diferentes materiais: alumínio, plástico, até etiquetas que parecem ser parte integrante da garrafa.

É verdade. Desde os tempos antigos até hoje, tudo mudou. No entanto, a verdadeira função dos rótulos permaneceu inalterada, ou seja, tornar uma garrafa de vinho reconhecível por meio de uma ferramenta identificável e única.

Por delvinoclub