Vinho do Porto: saiba mais sobre a clássica bebida portuguesa
Sendo muito mais do que uma simples bebida, o vinho do Porto faz parte da história e da cultura de Portugal. Pode ser até considerado parte do patrimônio do país, devido sua grande importância aos portugueses, além de ter conquistado enófilos por todo o mundo.
Produzido a partir de uvas provenientes da Região Demarcada do Douro, a cerca de 100 km da cidade do Porto, o vinho do Porto é um dos vinhos licorosos (ou fortificados) mais conhecidos pelo mundo, sendo classificado como vinho de sobremesa. Apesar de seu destaque ser para o tinto doce e com alto teor alcoólico, a diversidade é o que o torna diferente dos demais rótulos. Sendo assim, ele pode apresentar diferenças nas cores, intensidade de aromas e sabores, teor alcoólico, formas de maturação e até mesmo na doçura. Além disso, também existe o vinho do Porto branco e o rosé.
História do vinho do Porto
Surgimento da bebida
A origem do vinho do Porto não é muito bem definida. Existem algumas versões que acabam se contradizendo ao longo da história. Alguns estudiosos do vinho indicam que ele tenha sido descoberto durante o século 17 -- período em que os mercadores ingleses passaram a adicionar brandy (uma espécie de aguardente, bebida destilada elaborada a partir de uvas) aos vinhos da região do Douro, com o objetivo de evitar que as bebidas azedassem durante o transporte nos navios. Contudo, outras histórias acerca do vinho do Porto afirmam que o processo de adição do aguardente aos vinhos tintos já era conhecido e utilizado bem antes, quando Portugal ainda não tinha acordo comercial com a Inglaterra.
Sabe-se, no entanto, que até esse período, os ingleses consumiam muito os vinhos da França, especialmente os produzidos na região de Bordeaux. Isso mudou devido às rivalidades políticas, que deram espaço para o consumo dos vinhos portugueses como uma alternativa. Logo, o vinho do Porto, inicialmente, era uma bebida voltada para o comércio exterior.
Desenvolvimento da região do Douro
O aumento da demanda pelo vinho do Porto contribuiu muito para o desenvolvimento da região do Douro, sendo um dos principais fatores, inclusive. Com o objetivo de escoar a produção com mais agilidade, foi criado um sistema de transporte para aproveitar o rio Douro, transportando os barris de vinho até a cidade do Porto -- município portuário que oferecia uma rota mais rápida até a Inglaterra.
Os vinhos até então não tinham uma nomenclatura definida. Contudo, no mesmo período já ficaram conhecidos como “vinhos do Porto”, nome utilizado até hoje devido sua ligação direta com a cidade portuária.
Como é produzido um vinho do Porto?
O vinho do Porto faz parte da Denominação de Origem (D.O) de Douro e, para que um vinho tenha essa nomenclatura, deve ser produzido seguindo algumas normas de produção dentro da região de origem, que abrange uma área com mais de 40 mil hectares de vinhedos. As uvas utilizadas para a produção do vinho do Porto são distintas, mas todas provenientes da região do Douro. Touriga Nacional, Tinta Roriz, Touriga Franca, Tinta Cão e Tinta Barroca são as mais usadas para o tinto. Já para produzir um vinho do Porto branco, são utilizadas exclusivamente as uvas brancas, como a Malvasia Fina, a Donzelinho, a Gouveio, a Códega e a Rabigato. Mas outras castas também podem ser permitidas.
Para dar origem ao vinho do Porto, é necessário adicionar aguardente vínica durante a etapa de fermentação da bebida. Devido ao elevado teor alcoólico do destilado, a atividade das leveduras termina e todo o processo de fermentação também. A proporção utilizada para resultar no vinho do Porto costuma ser: uma parte de aguardente para quatro partes do sumo das uvas. Esse processo é chamado de fortificação e quem define quando isso vai acontecer na fermentação é o enólogo -- de acordo com o grau de doçura que deseja ter no vinho. Por isso, existem variações do vinho do Porto.
Durante esse processo de fortificação, o teor alcoólico tende a aumentar de forma considerável, chegando até 22% em alguns casos. Após essa etapa, o vinho passa para a maturação em barris de carvalho, podendo envelhecer também por mais um período na garrafa.
Tipos de Vinhos do Porto e suas características
Estilo Ruby
São vinhos tintos com tonalidade avermelhada, similar a um rubi. É um vinho que envelhece, em média, entre 2 a 3 anos em barris e, por não ter grande contato com a madeira e possuir oxidação baixa, o vinho do Porto Ruby preserva, especialmente, o seu paladar original. Logo, é um vinho de aromas frutados, sabor intenso e jovem. Veja suas variações:
Porto Ruby Reserva: é encorpado e com tons vermelho rubi escuros. Faz parte da seleção dos melhores vinhos do Porto anualmente.
Porto Late Bottled Vintage (LBV): com nível de qualidade elevado e engarrafado após envelhecer entre 4 a 6 anos, possui boa cor, estrutura, aromas e sabores delicados. É um Porto Ruby produzido com uvas de um só ano.
Porto Vintage: também é produzido a partir de uvas de um único ano. Mas é engarrafado entre 2 a 3 anos após envelhecimento. Possui cor forte, é bem estruturado, com aromas e sabores frutados intensos.
Porto Single Quinta Vintage: similar ao Porto Vintage, mas destaca-se por ser produzido a partir de uma única vinha.
Estilo Tawny
São vinhos produzidos em diferentes safras, sua tonalidade é mais clara do que os vinhos do tipo Ruby. É um vinho menos intenso e mais doce, com forte presença de madeira. Isso porque, após seu envelhecimento (entre 2 a 3 anos) em barris de carvalho, é transferido para outro tipo de barril, passando a ter mais contato com a madeira e envelhecendo mais rapidamente.
Porto Tawny Reserva: é um vinho que une a fruta jovem e a maturidade da idade, resultando em sabores e aromas elegantes.
Porto Tawny 10 anos: similar ao Porto Tawny Reserva, mas com características de um vinho com dez anos. Sabores e aromas de frutas secas e tonalidade vermelho-alaranjado.
Porto Tawny 20 anos: com aromas e sabores mais evoluídos e frutados do que os vinhos anteriores, é considerado uma preciosidade entre os vinhos do Porto.
Porto Tawny 30 anos: possui características mais complexas devido à exposição gradual ao ar, concentrando e intensificando os sabores e aromas frutados.
Porto Tawny 40 anos: envelhecendo ao longo de muitos anos, é um vinho intenso e marcante ao paladar e demais sentidos aguçados.
Porto Colheita: é um vinho de uma só colheita e com envelhecimento de, no mínimo, 7 anos em cascos.
Brancos
Produzido em menor escala, em comparação com o Ruby e o Tawny, o vinho do Porto branco pode ter diversos estilos e suas características variam pela sua forma de produção, destacando os diferentes períodos de envelhecimento e graus de doçura. Possui aromas e sabores mais delicados.
Rosés
Com forte presença de aromas de cereja, framboesa e morango, o vinho do Porto rosé é suave e agradável ao paladar. É um vinho para ser consumido novo, buscando extrair os melhores sabores.
Como harmonizá-lo?
Por ser um vinho fortificado e com alto teor alcoólico, é indicado servir o vinho do Porto em taças menores, com bojo mais estreito e borda fechada -- esse formato de taça contribui para uma melhor captação dos sabores doces. Com a taça em mãos, o Porto é considerado um vinho de sobremesa, mas também pode ser consumido sem nenhum acompanhamento (ideal para consumir antes de alguma refeição para abrir o paladar) e também com outros pratos, além dos doces.
Os vinhos do estilo Ruby são mais jovens e harmonizam bem com sobremesas que possuem base de frutas vermelhas e queijos azuis, por exemplo. Enquanto os vinhos Porto Tawny combinam bem com nozes, frutas secas e sobremesas à base de chocolate amargo.
Já os vinhos do Porto branco mais secos podem harmonizar bem com amêndoas, salmão, frutas frescas, sorvete de creme ou baunilha, queijos curados e azeitonas. Os mais doces são ótimos acompanhantes para combinações de frutas com embutidos.
A combinação de pratos com vinho do Porto pode ser muito vasta. Por isso, para quem está iniciando no universo dos vinhos, tornar o paladar mais aguçado para os sabores e aromas é o primeiro passo para aprender a harmonizar bem a bebida, além de ampliar os conhecimentos sobre os tipos de vinhos. a Del Vino possui o Curso de Vinhos Com Degustação. O curso é indicado para iniciantes e também para quem possui leve noção sobre a bebida e sua história, contribuindo para mostrar os tipos de vinhos existentes, as uvas mais utilizadas na produção da bebida e também sobre harmonização e degustação da bebida.
Crédito da foto: iStock